quarta-feira, 28 de julho de 2010

AS TORTUOSAS TRILHAS DA GASTRONOMIA


Por um lado, foi bom o almoço asiático de domingo não ter acontecido. Assim tenho tenho tempo de continuar escrevendo sobre o jantar do sul da França no meu ritmo slow food de ser. Claro que muitos leitores são marinheiros de primeira viagem. então, só para ninguém ficar completamente por fora, vou lembrar que nesse jantar eu e a Juliana testamos uma receita de rouget des roches em folha de uva. A gente não tinha a mais pálida ideia de que peixe era esse e o seu José, o peixeiro do Mercado de Pinheiros, vendo uma foto do Google Image no meu iPhone, nos disse que era trilha.
Compramos a tal da trilha, mas tanto eu quanto a Juliana tínhamos de nos certificar. Ela consultou o livro 1001 Comidas para provar antes de morrer, edição de Frances Case. Muito bom para quem cozinha e realmente se interessa em saber mais sobre os ingredientes.
Já eu arrumei uma maneira bem mais inusitada de checar essa história. Depois do mercado, eu fui à massagem e, depois da massagem, ao Santa Luzia, o supermercado que os paulistanos que mexem com gastronomia sabem que é tudo de bom. Nós não tínhamos achado folha de uva fresca no mercado e eu tinha esperança de achar (como realmente achei) no Santa Luzia.
Eu estava estacionando o carro e vi Erick Jacquin passando. Na hora, pensei em parar para perguntar sobre o rouget des roches, mas já tinha gente buzinando atrás. Por sorte voltei a encontrar com ele lá em cima. E, dessa vez, não tive dúvida. "Jacquin", perguntei. "O rouget des roches é a trilha?". "Sim", respondeu o chef francês. E falou qualquer coisa sobre esse peixe ser muito bom, mas muito difícil de encontrar. "Eles exportam tudo", reclamou. Me senti orgulhosa de novamente ter encontrado um ingrediente complicado.
Aqui é bom explicar. Eu não sou íntima do Jacquin, mas tinha almoçado em seu restaurante, La Brasserie, dois dias antes com o grupo dos "pelados em Nice" e jacquin conhece bem o Sultão. Essa situação toda foi muito sul-realista. De alguma forma, me lembrou da cena do filme Noivo nervoso, noiva neurótica, do Woody Allen, em que dois personagens estão numa fila de cinema discutindo a teoria do filósofo canadense Marshall McLuhan, o próprio está ali e é chamado à conversa.

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