Não sei quem lembra que faz pouco mais de um mês estive em Pirenópolis em Goiás para o festival de gastronomia. Adorei a cidade, a comida, a vontade das pessoas de fortificar a sua cultura. Devo dizer que só não gostei de ter comprado uma máscara de uma artesã local, pagado e não ter recebido até hoje. Tenho confiança que ela ainda vai me mandar, porque lá as coisas funcionam na confiança. De qualquer forma, eu voltarei lá assim que puder. Além de tudo, não tive tempo de ir a uma cachoeira e há várias cachoeiras em Pirenópolis.
Este post é para contar que a Márcia, chef do Le Bistrô em Pirenópolis, me mandou o um email avisando que entre 16 e 19 de setembro vai haver o Slow Filme Filme Festival Internacional de Cinema e Alimentação Pirenópolis, com exibição de 15 filmes de vários países como Irã, Hungria, Sérvia e Dinamarca. A entrada é gratuita. Será o primeiro festival brasileiro de cinema inspirado na cultura slow food e boa parte dos filmes exibidos vem são títulos premiados no festival italiano Slow Food on Film, inéditos no Brasil. Desde 2002, acontece um festival de cinema relacionado ao tema, em Bologna, na Itália. O movimento Slow Food prega o retorno à tradição alimentar, à vida simples e em harmonia com a natureza. Os filmes serão exibidos no Cine Pireneus. eu andei navegando pelo youtube vendo alguns trailers como o publicado no alto deste post e gostei muito. Veja sinopses abaixo:
A REVOLUÇÃO DA BOCA (Mouth Revolution) USA, 2006, vídeo, 5 min Direção: Louis Fox
Em todo o mundo, elas estão finalmente botando a boca no trombone. Estão de saco cheio das porcarias que comemos e clamam por comida de verdade, comida orgânica – agora! No papel de portões do corpo humano, as bocas estão tomando uma atitude e protagonizando um “cala-bocaço” internacional até que suas reivindicações sejam cumpridas. A revolução da boca começou! Viva a “bocavolução”!
Desde 1996, o diretor Louis Fox vem produzindo numerosas campanhas publicitárias e mais de 80 desenhos animados de curta metragem relacionados com os temas sustentabilidade, justiça e paz. Seus filmes já foram vistos online por milhões de expectadores e vários já foram premiados mundo afora.
AINDA HÁ PASTORES? Portugal, 2006, DVCPRO, 73 minutos Direção: Jorge Pelicano
Há lugares que quase não existem. Casais de Folgosinho nem sequer é um lugar. Lá não há luz elétrica, água encanada, muito menos estradas asfaltadas. Perde-se no silêncio de um vale entre as montanhas da Serra da Estrela. Hoje, os mais velhos estão morrendo e os jovens fogem da dura sina de ser pastor. Hermínio, 27 anos, vai contra esta corrente. Mas até quando? Depois dele, os pastores ainda existirão? As histórias deste vale guardam esta resposta.
Nascido em Figueira da Foz, Portugal, em 1977, o diretor Jorge Pelicano atualmente trabalha como câmera no canal português SIC e cursa mestrado em jornalismo na Universidade de Coimbra.
BACKWARDS HAMBURGER EUA, 2006, 5 min, Cor. Direção: Richard Linklater
O filme segue a vida de um hamburguer e acompanha todo o passado do alimento, indo até sua origem (a vaca confinada) e identificando os custos ambientais, de saúde e de segurança dos trabalhadores que entram na fabricação de um Big Mac. Um olhar bem-humorado sobre alguns dos fatos mais preocupantes e os valores que cercam a indústria do fast-food. Uma comédia que investiga não só os riscos para a saúde, como também o preço social embutido em cada hamburguer.
Roteirista e diretor auto-didata, Richard Linklater é um dos primeiros e mais talentosos diretores a surgirem no cinema independente dos Estados Unidos na década de 90. Nascido em Houston, Texas, Linklater abandonou a educação formal aos 22 anos de idade, indo trabalhar numa plataforma de petróleo no Golfo do México. Anos depois, em 1987, criou um cineclube na cidade de Austin, Texas, quando começou também a produzir seu primeiro filme. É apontado como uma das vozes mais potentes da cultura jovem norte-americana.
BASIL & NETTLES Holanda, 2008, 28 min, Cor. Direção: Leyla Everaers
Elenco: Sylvia Hoeks, Raymond Thiry
Julie nunca conheceu seu pai. Quando ele chega, por coincidência, à aldeia onde ela vive com sua mãe, ela tem que pensar muito: quer mesmo conhecê-lo depois de tantos anos?
Antes de ingressar na Academia Holandesa de Cinema, em 2003, Leyla Everaers estudou design gráfico em Roterdã durante quatro anos. Entre 2006 e 2007, trabalhou com assistente de direção de vários filmes até poder dedicar-se a seus próprios projetos. No momento, dirige outro filme para a Academia Holandesa de Cinema
CAFÉ 469 (Kafe 469) Irã, 2005, DV, 5 min Direção: Atefeh Khademolreza
Vencedor na categoria curtas em 2006, o filme conduz o espectador pela mente de uma terrorista iraniana que, ao entrar em um café munida de uma câmera escondida, passa a meticulosamente registrar e descrever os movimentos de cada um dos clientes que ali fazem sua última refeição.
A diretora Atefeh Khademolreza nasceu em Teerã. Aos 25 anos, já participou de vários projetos cinematográficos.
MAMÍFERO (Mammal) Alemanha, 2007, DVCPRO, 7 min Direção: Astrid Rieger
Neste curta-metragem sem diálogos, angústias adolescentes são descritas através de imagens surrealistas que retratam as tentativas de um jovem de se desprender de uma intrigante relação com uma mãe dominadora. Dirigido pela romena Astrid Rieger, Mamífero recebeu menção honrosa na competição de curtas de 2008.
Graduada na Academia de Design Offenbach, na Alemanha, desde 2006, Rieger trabalha como free-lancer nas áreas de cinema e mídia.
MONDOVINO Argentina/França/Itália/EUA, 2004, 135 min, Cor. Direção: Jonathan Nossiter
Documentário que investiga os vários temas ligados à globalização, a partir da ótica da indústria do vinho e a transformação das formas de produção no velho mundo, influenciadas pelo mercado norte-americano. Cineasta e sommelier, Jonathan Nossiter aponta a influência, principalmente sobre a vinícola Mondavi, da indústria que contrapõe tecnologia e manipulação humana e tradição. Mondovino é um filme sobre a complexidade das relações humanas e sobre a política e a guerra entre a diversidade e a padronização da produção. Mostra a verdadeira batalha que se trava entre os pequenos produtores e as grandes indústrias. Mondovino foi indicado à Palma de Ouro de Cannes, em 2004, e ao Prêmio César, em 2005.
Nascido nos Estados Unidos, Jonathan Nossiter cresceu entre França, Grécia, Itália, Inglaterra e Índia. Realizou quatro longas-metragens, entre os quais Sunday, vencedor do Grande Prêmio dos festivais de Sundance e Deauville, em 1997, e Signs&Wonders, com Charlotte Rampling, de 2000, exibido no Festival de Berlim. Atualmente, mora no Rio de Janeiro, com a esposa e três filhos.
OURO NEGRO DA FLORESTA Brasil, 2010, 52 min, Cor.
empresa produtora: Start Filmes Direção: Delvair Montagner Produção executiva e montagem: André Luís da Cunha Direção de fotografia: André Lavenéré Trilha sonora: Marcelo Guima Filme sobre o cultivo do açaí e o cotidiano dos pequenos agricultores do município de Igarapé Miri, no Pará. O plantio, o manejo, a coleta e o transporte, desta que é a principal fonte de renda da região.
PIG ME
Dinamarca, 2008, 2D, Animação, 7 min, Cor.
Direção: Mette Rank Tange, Ditte K. Gade, Jorge Israel Hernández García Figueroa, Marie-Louise Højer Jensen, Rebecca Bang Sørensen
Elenco: Rebecca Bang Sørensen, Ditte K. Gade, Marielouise Højer Jensen, Mette Rank Tange, Israel Hernández García Figueroa
O filme conta a história de um porco que foge do massacre na casa onde vive. Encontro seu caminho e vai parar numa loja de animais, onde descobre um ambiente tranquilo e confortável entre os clientes e os outros bichos. Ele também deseja encontrar seu próprio lar, mas quem é que vai querer comprar um porco? Talvez a única solução seja disfarçar-se de outro animal, na loja de bichinhos de estimação...
SEU BENÉ VAI PRA ITÁLIA
Brasil, 2006, 53 min, Cor.
De Teresa Corção e Manoel Carvalho
Documentário sobre a vida de Benedito Batista de Silva, 60 anos, lavrador da pequena agricultura familiar, considerado uma referência local quando se fala em produção de farinha de mandioca no Estado do Pará. Identificado para o mundo gastronômico, através do Projeto Mandioca da chef Teresa Corção, Seu Benedito foi protagonista no documentário O Professor da Farinha. Esse documentário rodou o mundo, e proporcionou o convite para participar do evento Terra Madre realizado em Turin / Itália pelo Slow Food. O documentário mostra a viagem deste pequeno agricultor desde sua cidade natal, Bragança, no Pará, até o seu retorno.
Este filme é um projeto do Instituto Maniva/Slow Food Rio de Janeiro.
SOMOS AQUILO QUE PERDEMOS (Mi smo ono to izgubimo)
Sérvia, 2005, DV, 5 min 32s Direção: Srdjan Mitrovi
Um dia você resolve visitar aquela vovozinha simpática que mora na sua rua bem na hora em que ela está preparando uma refeição deliciosa. Com este filme, vencedor na categoria curta-metragem em 2006, o diretor Srdjan Mitrovi prova que a comida sérvia é capaz de reunir as famílias durante a vida e além dela.
Nascido em Belgrado, em 1969, Mitrovi é graduado em edição de TV e atualmente compõe a equipe de criação da TV B92, de Belgrado. Além disso, faz parte do júri no Festival Internacional de Filmes Fantásticos de Bruxelas.
TERRA MADRE Itália, 2009, 78 min, Cor. Direção: Ermanno Olmi
Um mestre do cinema mundial (diretor da obra-prima A Árvore dos Tamancos) dá seu ponto de vista sobre o grande tema da alimentação e suas implicações para o desenvolvimento econômico, ecológico, social. Um documentário de clara investigação autoral. O filme reflete sobre uma rede global de pessoas, pensamentos, trabalho e culturas presentes em 153 países do mundo, que vão semeando e cultivando as idéias para proteger a biodiversidade, o ambiente e a comida decente para um futuro de paz e harmonia com Natureza.
Ermanno Olmi começou sua carreira na década de 50, dirigindo documentários, tendo assinado 40 deles. Em 1961, dirige seu primeiro filme de ficção, Il Posto. Seguiu-se, em 1963, I Fidanzate, primeira indicação à Palma de Ouro em Cannes, que ele viria a conquistar em 1978, com Árvore dos Tamancos, vencedor também do prêmio César. Sua carreira inclui 65 títulos como diretor.
THÉ NOIR (Black Tea) França, 2007, HD, 5 min, P&B Direção: Serge Elissalde
Chá preto: ou como uma simples xícara de chá pode provocar uma terrível crise de angústia.
Melhor filme de animação do Festival Banjaluka 2009 e Primeiro Prêmio no Slow Food on Film Festival 2009.
THE PRAYER (IMÁDSÁG) Hungria, 2007, 27 min, Cor. Direção: Sándor Mohi
Cinco anos na vida de um casal de agricultores idosos no interior da Hungria. O filme captura a profunda humanidade dos personagens, as emoções simples, expressando sua dor. Envolve o espectador em suas vidas e mostra a estreita relação dos protagonistas com a terra. O diretor dedicou cinco anos a filmar diariamente o cotidiano do casal. Prêmio de Melhor Curta Documentário no Slow Food on Film Festival 2009.
Diretor e fotógrafo, Sándor Mohi nasceu em Budapeste e dirigiu também As God Hath Foreordained... Film of Olga, de 2000.
Um dos Últimos (One of the last) Itália, 2007, MiniDV, 12 min, Cor. Direção: Paul Zinder
Elenco: Mauro Selvetti
O filme é um retrato de Mauro Selvetti, um camponês italiano de 78 anos, que se dedica à colheita de azeitonas, uvas e cerejas em sua fazenda. Emoldurado pela beleza da paisagem italiana, Mauro oferece histórias e conselhos, provando ser um homem sábio e um profundo conhecedor da terra.
VINHO DE CHINELOS Brasil, 2008, 45 min, Cor. Direção: Paula Prandini
Documentário sobre a recente produção do vinho brasileiro na Serra Gaúcha. A partir do filme, é discutida a identidade do vinho nacional, que vem se desenvolvendo nos últimos anos, mas ainda é alvo de críticas e preconceitos.
A fotógrafa carioca Paula Prandini, 38, já foi modelo, morou no Japão e em Paris, teve restaurante, trabalhou em jornais e revistas, passou férias sozinha em Trancoso e fotografou Diários de Motocicleta. Casada com o cineasta Jonathan Nossiter.
IMPRENSA:
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